30 de abril de 2007

As Maravilhas de Belém

Será no dia 7/07/2007 que serão conhecidas as 7 Maravilhas de Portugal. Dos 793 monumentos nacionais classificados, foram seleccionados 77 e depois nomeados apenas 21.
Das maravilhas em votação, duas são de Lisboa e, obviamente, tinham que se localizar em Belém: Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém.
Vamos então participar com a soma de mais uns votos. Basta ir aqui e votar.

O Blog da Rua

26 de abril de 2007

K-304: Um Passado de Glória












O glorioso K-304 atingiu patamares de glória que marcaram para sempre as vidas dos seus atletas e perduram hoje na memória colectiva dos seus sócios, apoiantes e mirones.
A sua equipe de futebol, com jogadores de capacidades inatas para a prática desportiva, tantas vezes alvo dos “olheiros” das equipes adversárias, conquistou troféus nas mais variadas competições, elevando bem alto a garra da “malta da rua”.
O Paulo Abreu enviou estas fotos, talvez de 1980, no velhinho campo das Salésias, que provam a fama ganhadora do K-304. A equipe acabara de conquistar mais uma taça de dimensões a perder de vista. Uma taça que repousa hoje numa estante da casa do treinador de então.

O Blog da Rua

19 de abril de 2007

Votar é preciso!

Graças às sugestões de alguns amigos está a ser equacionada a possibilidade de nos juntarmos de novo - desta feita com os respectivos agregados e afins - algures na Área da Grande Lisboa para:

Futebolada - eventualmente com equipas mistas - ambos os sexos - filhos que queiram dar caneladas nos pais, namorados que se queiram agredir de forma encapotada, etc...
Almoçarada - gastronomia hard, ligh, slow food, fast food - para quem conseguir mastigar rápido - e assim assim.

Actividades lúdicas - jogos tradicionais, canto gregoriano - dependente da quantidade de liquidos ingeridos - demonstração de habilidades????

Claro tudo regado com muita conversa e são convívio.

Precisa-se de de votação, de forma descontraída, para afinarmos datas, nº de participantes e locais. Depois, de forma mais personalizada, serão contactados para a inscrição.

Não hesites vota!

16 de abril de 2007

Belém: A cosmopolita terra maldita (parte II)

O terramoto de 1755 recoloca Santa Maria de Belém no mapa político do país. Quando se iniciam os estudos para a recuperação da capital do império português, Manuel da Maia coloca três hipóteses ao Marquês de Pombal:
1-Nada fazer. Assim como o povo, naturalmente, tinha erigido a cidade antiga, com as suas ruas e ruelas serpenteantes ao longo do tempo, de novo o faria.
2-Sobre as ruínas da cidade construir uma nova, planeada, organizada e que mostrasse os caminhos do presente e do futuro ao Portugueses, até então tão afastados das Luzes do século.
3-Esquecer a cidade amaldiçoada e construir tudo de novo, um novo começo para a Nação, uma nova capital… em Santa Maria de Belém.
Sabemos qual foi a escolha de Sebastião José. Será que há factos registados que nos permitam compreender quais foram as razões para a escolha? Ou só podemos especular? Assim sendo, será que a recusa da terceira opção estaria de algum modo relacionado com o facto de os poderosíssimos Távoras possuírem um palácio em Belém naquele exacto momento histórico? Já houve quem escrevesse romances históricos, e quem realizasse séries televisivas em torno desta situação.
Aos Távoras sabemos o que foi feito, assim como ao seu palácio: este último foi totalmente arrasado, após o que o solo foi lavrado e salgado. Para eternizar este castigo, um pelourinho foi erguido que publicamente atesta a rejeição da Coroa desta terra. Terá isto reforçado a sobrevivência do velho toponímico “restelo”? De qualquer modo o que hoje conhecemos como o Beco do Chão Salgado lembra-nos a utilização de um castigo quase tão antigo quanto a História, pois até os Romanos lavraram e salgaram a terra de Cartago depois de a terem conquistado.
O facto é, a Lisboa de então está em crescimento imparável, tanto que Belém volta a ser ocupada, de novo se constrói. São os pobres, os menos afortunados, os criados, os futuros operários que ali se vão estabelecer. Começa a nascer o que é hoje a Rua de Belém, então uma quase-aldeia às portas da cidade, feita de edifícios muito modestos. Reparem como aquelas casas, que datam do início séc. XIX, não têm mais de três pisos… Ao mesmo tempo, o que é hoje a Rua da Junqueira faz-se de palacete em palacete, um renque que hoje alberga, por exemplo, o ISCSP, a Administração do Porto de Lisboa, outro ainda que já foi o Liceu D. Amélia, etc. A meio desta rua, mesmo em frente de um dos portões da Cordoaria (importante indústria então), há um chafariz público que faz parte da rede construída a partir do Aqueduto das Águas Livres. Não há nenhum em Belém, a terra amaldiçoada.
Das fraquezas se fazem forças. Belém no séc.XIX constitui, com Alcântara, e estendendo-se até Algés e à Cruz Quebrada, um eixo comercial e industrial de fundamental importância para uma cidade que, apesar do seu provincianismo, vê o presente chegar. Já temos no blog fotografias que atestam este passado industrial e proletário. Há o gasómetro, hoje o Museu da Indústria. Ainda me lembro da fábrica da borracha Repenicado & Bengala, que existia onde hoje está o CCB. Passeiem pelo pequeno bairro entre a Rua Bartolomeu Dias e a Avenida da Índia, entrando pela ruela logo a seguir ao Colégio do Bom Sucesso e saindo junto à Avenida da Torre de Belém. Estarão a ver habitações térreas ou no máximo de dois pisos, habitações de operários, de pescadores, enfim. Esta é a Belém que nasce e se desenvolve nos tempos do Romantismo e do Modernismo, ou seja, a Belém que terá sido conhecida por Camilo, Cesário Verde, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa. Não conheço a nenhum deles uma referência a Belém, mas por favor corrijam-me se estiver enganado. Das grandes personalidades do séc. XIX, só uma está ligada a Belém. Foi Alexandre Herculano, que enquanto foi deputado às Cortes submeteu uma petição destinada a elevar a Paróquia de Santa Maria de Belém. A petição foi aceite e foi esta a data comemorada com a conferência do Prof. José Hermano Saraiva.
O futebol vai dar aos belenenses satisfações logo desde o início da sua prática em Lisboa. No início, o Sporting Club of Portugal era o líder incontestado, a equipa por excelência, os melhores atletas da cidade. Não admira, fora formado pela colónia inglesa em Lisboa, que afinal trouxera o jogo para cá, tal como já tinha feito na Madeira. Os seus jogadores eram rapazes de famílias de pelo menos da classe média, bem educados e alimentados (estas coisas ficam, por isso ainda hoje o SCP tem fama de ser o clube dos queques). Pelo contrário, havia o Carcavelinhos. Rapazes da orla do rio, de Alcântara e de Belém, que nas ruas dos seus bairros jogavam com bolas improvisadas. O Carcavelinhos cometeu a proeza, nos primeiros anos do séc. XX, de ganhar um jogo e um troféu aos até então invencíveis Ingleses. Feito notável que lhes deu fama.
Ao mesmo tempo, lá para as quintas de Benfica, um outro grupo de entusiastas do futebol queria formar um clube, ao qual queriam chamar “Sport Club de Benfica”. Primeiro, resolveram o problema de terem um lugar onde jogar. Alguém lhes disponibilizou um campo de nabos, na condição de apanharem gratuitamente os ditos nabos. Feita a colheita dos nabos, aperceberam-se de que não tinham jogadores suficientes. Pediram então ajuda ao Carcavelinhos. Este aceitou compartilhar jogadores, sob uma condição: que o novel clube pertencesse a Lisboa. O nome foi então mudado para “Sport Lisboa e Benfica”. Do resto reza a história: o Carcavelinhos cindiu-se entre o Atlético Futebol Clube que se foi instalar na Tapadinha, e o Clube de Futebol “Os Belenenses”, que herdou o campo das Salésias. Todos os que como eu, estudaram na Marquês de Pombal jogaram futebol nesse terreno histórico.

Salazar encontra em Belém um local excelente para a expressão da política do Estado Novo, a diversos níveis. Temos os bairros construídos de uma assentada, a mesma casa replicada vezes sem conta, num esforço que há que reconhecer meritório por providenciar um tecto decente a tantos que o não tinham. Mas, atenção: as classes não são para se misturarem. Por isso há o bairro operário do Caramão da Ajuda ou o que existe por trás da Rua dos Jerónimos, bem afastado do bairro dos quadros que se desenvolve entre a Avenida da Torre de Belém até ao IAEM. Literalmente por cima destes bairros há “as vivendas”, ou seja, toda a zona de Belém edificada com habitações de luxo, muitas das quais hoje utilizadas por Embaixadas ou até por empresas. Originalmente, contudo, “as vivendas” pertenceram à classe mais próxima do poder político, aquela que, directa ou indirectamente, criou, desenvolveu e usufruiu do Estado Novo. Esta é, se quisermos, a Belém privada, a Belém das famílias, a Belém das pessoas que vem a constituir um certo microcosmo. Gostaria de ver esta época estudada por alguém mais sabedor do que eu. Cito apenas um facto indiciador da existência desse microcosmos: é que foi das “vivendas” que ressurgiu o topónimo “restelo”. A partir dali, quem dissesse viver no Restelo (finalmente capitalizando o nome) fazia imediatamente saber que era pessoa de categoria, pois viver no Restelo não era viver em Belém, embora já naquele momento a Paróquia e a freguesia de Santa Maria de Belém fossem comuns às diversas áreas.
Mas a marca mais profunda do Estado Novo em Belém reside na vertente pública. Mussolini construiu em Roma a E.U.R., a Exposição Universal de Roma. Nunca abriu ao público porque estava planeada para 1940. Sagazmente aproveitando a ausência de paz na Europa para dar ao seu Estado Novo uma imagem internacional, e sobretudo para efectuar uma demonstração interna do seu êxito, Salazar faz organizar a Exposição do Mundo Português, em Belém. Restam-nos legados importantes: a Praça do Império; o Padrão dos Descobrimentos, que embora edificado em 1960 seguiu a traça do monumento que fora erguido em 1940, em materiais perecíveis; as duas marinas; o arranjo em torno da Torre de Belém, em particular o relvado onde tantas vezes jogámos à bola.
A última grande intervenção nos espaços de Santa Maria de Belém já nos apanhou adultos. Foi o Centro Cultural de Belém. Devo confessar que nunca por lá andei de bicicleta. Mas os meus filhos já.
Que nos reservará o futuro? Uma ameaça decerto, a ameaça da desertificação dado que o preço das habitações dentro de Lisboa é proibitivo. Ao mesmo tempo, mesmo por trás das nossas ruas, onde havia a Vila Correia, construíram todo um novo bairro. Agora que já não vivo em Belém, faço votos para que os novos belenenses reconheçam o valor de viver onde era possível jogar futebol com qualquer puto que aparecesse. Que mantenham essa confiança. Vale mais do que os apartamentos que compraram.

Paulo Boavida

13 de abril de 2007

Em Redor da Rua - Os Merinos











Émile Carp fundou, no século XIX, a Fábrica Carp, conhecida em Belém como «Os Merinos», para se dedicar à produção de lanifícios. Produzia tecidos e confecções a partir da lã de carneiros merinos, nas proximidades da Vila Correia. Laborou durante mais de 70 anos naquele local onde, hoje, existe o Condomínio Infante de Sagres. Como seria importante para a história preservar a memória desta fábrica foi consagrado o nome da Fábrica Carp na Toponímia de Lisboa.
Na foto da direita, acesso da Vila Correia aos terrenos da fábrica (1971).

Zeca

9 de abril de 2007

Quem é Quem? - Aniversários
















Descobri no meu baú estas fotos de aniversários em casa dos meus pais. Embora haja família, há 9 amigos da rua na foto da esquerda e 10 na da direita. Descubram lá quem são???incluindo eu e o meu irmão...Vou dar uma pista... a maioria deles são do meu prédio, João Bastos, 3.

Beijinhos

Carmo

6 de abril de 2007

1º Jantar do K-304











Caros amigos e amigas!
Por questões profissionais ou outras, o K-304 teve necessidade de criar algo que motivasse encontros mais frequentes entre os seus associados e simpatizantes. De certeza que foram ponderadas diversas actividades, mas a gastronomia acabaria por ser eleita por unanimidade. Surge então o jantar mensal, a ser realizado no primeiro sábado de cada mês, que como podem ver na foto presente, e até prova em contrário, terá nascido a 1 de Janeiro de 1990, (Porra!!!! Já lá vão 17 anos).
Neste jantar como em muitos outros comeu-se, bebeu-se e se bem me lembro alguém abordou literatura Portuguesa, ( sujeito a confirmação). Se formos ao baú das recordações, de certeza que todos teremos uma historia destes jantares para contar. Lembro-me, por exemplo, de estarmos para os lados de Alcabideche e o milagre acontecer: o empregado trouxe apenas uma vez vinho branco e o jantar foi regado, e bem, com vinho tinto. Nessa noite ainda conseguimos que uma fantástica planta fizesse parte do jardim de um associado do K, sem que esta tivesse sido plantada lá (garanto que o Luís de Matos não estava presente).
Para terminar alguém sabe onde ouvimos isto?
“Chor Zé Paulo e Chor Carlão é favor…”

Beijinhos e abraços

Lico (LC)

4 de abril de 2007

A Exposição do Mundo Português-1940

A Exposição do Mundo Português foi a maior exposição realizada em Portugal até à Expo 98, destinando-se a comemorar o Duplo Centenário da Fundação do Estado Português em 1140 e da Restauração da Independência em 1640.


A exposição foi inaugurada em 23 de Junho de 1940 pelo Chefe de Estado Marechal Carmona, acompanhado pelo Presidente do Conselho Oliveira Salazar e pelo Ministro das Obras Públicas Duarte Pacheco.
A Exposição do Mundo Português incluía pavilhões temáticos relacionados com a história, actividades económicas, cultura, regiões e territórios ultramarinos de Portugal. Incluía também um Pavilhão do Brasil, único país estrangeiro convidado.


A Exposição do Mundo Português levou à completa renovação urbana da zona ocidental de Lisboa. A sua praça central deu origem à Praça do Império, uma das maiores da Europa. A maioria das edificações da exposição foi demolida no final, restando apenas algumas como o actual Museu de Arte Popular e o Monumento aos Descobrimentos (reconstrução com base no original de madeira).

Zeca

3 de abril de 2007

1000 Visitas


O Blog da Rua atingiu hoje as 1000 visitas com cerca de 3500 page views. Nascido há menos de dois meses, a 16 de Fevereiro, este é um número muito aceitável. As colaborações têm vindo a aumentar e os comentários também. Aqui fica o apelo dos moderadores a novas colaborações. Temas do passado, do presente e, porque não, antecipações do futuro. Este espaço será o que todos quiserem.
O Blog da Rua

2 de abril de 2007

Belém: A cosmopolita terra maldita (parte I)

Se a memória não me atraiçoa, em 1984 a Paróquia de Santa Maria de Belém celebrou 150 anos de existência. Um dos modos de celebrar a data foi a de realizar uma conferência na sacristia da igreja do Mosteiro dos Jerónimos, subordinada ao tema da história local. A conferência foi proferida pelo Prof. José Hermano Saraiva, ilustre belenense. Tanto quanto sei, o texto da conferência nunca foi publicado. Gostaria muito de estar enganado, pelo que desde já deixo o desafio: descobrir se o Professor, ou a Paróquia, ou qualquer outra entidade, deu à estampa o texto. O que se segue, então, é o meu esforço de memória para recapitular as palavras que foram então proferidas, daquele modo carismático e único que conhecemos da TV. Coloridas, inevitavelmente, pela minha própria experiência dos locais e das pessoas.
Desde a conquista de Lisboa até à primeira metade do séc. XIV o restelo foi um local maldito, identificado pelo nome. “Restelo” vem de restar, ou ficar. Os navios que aportavam a Lisboa, antes de chegar ao cais, deixavam no restelo os doentes que eventualmente transportassem. Garantiam assim o direito à acostagem. Para receber os doentes no restelo, o lugar onde se fica, havia instalações, rudimentares mesmo para a época. Lisboa protegia-se dos miasmas desta forma, em particular da peste negra que assolou a Europa medieval, embora sem sucesso. Portanto, restar aqui significava uma morte quase certa.
Outra característica do restelo era ser então uma floresta. Isto favorecia a actividade do contrabando, pois era possível desembarcar bens e pessoas com facilidade e a coberto de esforços de vigilância. D. João I acabou com a situação e mandou arrasar a floresta do restelo.
O Infante D. Henrique compreende, após a aventura de Ceuta, que precisa de um embarcadouro fácil de usar perto de Lisboa, mas que não complique a vida quotidiana de pequenos barcos e navios que enchem os cais da cidade. Precisa de uma praia onde homens e bens possam ser levados de bote para as naus e caravelas. Precisa, em resumo, da praia do restelo. Mas havia o problema da má reputação do lugar. Para a fazer esquecer, D. Henrique cria a Paróquia de Santa Maria de Belém, com sede numa pequena capela à beira-mar. Doravante, os textos formais, históricos, passam a identificar o local pela nova toponímia.
Mas o nome “restelo” permanece no imaginário popular. No Canto IV de “Os Lusíadas”, Luís de Camões encena a partida da armada de Vasco da Gama para a Índia. O poeta começa por descrever a escolha dos diversos capitães e passa para a descrição da cena que se passaria na praia de Belém:

E já no porto da ínclita Ulisseia
C’um alvoroço nobre e c’um desejo
(onde o licor mistura a branca areia
Co’o salgado Neptuno o doce Tejo)
As naus prestes estão; e não refreia
Temor nenhum o juvenil despejo,
Porque a gente marítima e a de Marte
Estão para seguir-me por toda a parte

Eis senão quando, pelo meio das despedidas entre os que vão e os que ficam, descritas também por Camões, há um acontecimento:

Mas um velho de aspeito venerando,
Que ficava nas praias entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:

Seguem-se dez famosíssimas estrofes, um discurso que na obra se quer profético. À personagem que o profere hoje ainda chamamos “O Velho do … Restelo”. Mas a famigerada palavra não está n’ Os Lusíadas!


Paulo Boavida