30 de julho de 2007

O Jogo da Macaca

NA Rua existiam dois jogos da macaca em pedra; Um no jardim das meninas e outro no jardim dos meninos, mas também era desenhado na estrada com uma qualquer pedra que servisse para a riscar. Se desenhado, numeravam-se as casas, normalmente, de 1 a 8.
No início do jogo, lançava-se a pedra, normalmente lisa, para a casa número 1, no entanto se a pedra tocasse no risco ou saísse para fora, perdia-se a vez, dando lugar ao jogador seguinte. Caso a pedra ficasse dentro da casa, fazia-se o percurso para a apanhar. Esse percurso consistia em saltar ao pé-coxinho de casa em casa, excepto na tal onde se encontrava a pedra. Nas casas quatro e cinco e nas sete e oito, saltava-se com os dois pés ao mesmo tempo. Chegando às casas sete e oito saltava-se, rodando no ar sobre si mesmo e caindo nas mesmas casas.Reiniciava então, o percurso inverso até chegar à casa anterior daquela que tinha a pedra para a apanhar, equilibrando-se apenas num pé. Depois fazia-se o restante com a pedra na mão até ao início.
É de salientar que quando perdíamos numa determinada casa e quando voltávamos a jogar, era dessa casa que se recomeçava. Finalmente, terminado este percurso, íamos ao contrário isto é, de costas; atirava-se a pedra, e caso se acertasse no interior de uma casa, assinalava-se com uma cruz, e colocava-se o nome de quem atirou a pedra.
Caso contrário cedia-se a vez a outro jogador(a). Nas casas que já estiverem assinaladas, só o jogador que lá tivesse o nome é que as podiam pisar.
Também tínhamos de fazer o percurso de olhos fechados, perguntando “Queimei ?” e alguém tinha de dar uma ajuda para evitar que “queimasse” a linha para assim, poder fazer o restante percurso.Este jogo era praticado por meninos e meninas dA Rua em qualquer altura do dia e era uma maneira simples e divertida de passar o tempo junto das nossas casas.
A foto exemplifica a forma como as crianças, como nós éramos, se divertiam a jogar.
zeca

28 de julho de 2007

Chegou o Verão!

Finalmente chegou o calor, as férias estão aí e a audiência do Blog da Rua desceu consideravelmente. Em suma, estão todos a banhos. Ou quase todos! Para quem resiste, aqui ficam três sugestivas fotos. A despesa é por conta da casa. Boas férias!

tó marques

25 de julho de 2007

Corgi Toys

Esta é uma das marcas que ficou para sempre no nosso imaginário em crianças pois deu-nos horas, dias e anos de sonhos em corridas de fórmula 1 e outras, pois era uma das marcas eleitas para os brinquedos (carros) desse tempo. Claro que estou a falar nos anos 70.
Desenhávamos pistas para corridas com os fórmula 1, a giz branco ou de cor de tijolo, no asfalto da João Bastos, onde carros e pilotos se juntavam para competir. Tínhamos as máquinas fantásticas afinadas assim como os braços e os pulsos... ainda me lembro de se queixarem do Jorginho, que fazia manguça...(?).
Pilotos como Ronnie Peterson, Fittipaldi, Jacky Ickx, Clay Regazzoni, Jackie Stewart, Niki Lauda entre outros, corriam com o Pedro Miguel, o Jorge, o Miguel, o Chico-Zé, o Lico, o Eduardo enfim, teria o maior prazer em mencionar todos os pilotos mas tal seria moroso para quem escreve e penoso para quem lê.
No calor abrasador do verão ou de qualquer outra estação, havia sempre uma multidão de miúdos em redor da pista, contentes e alegres a divertirem-se até ao momento em que, tinha que passar algum veículo automóvel pela estrada e a corrida era interrompida com a retirada dos fórmula 1 do chão. Claro que, quando voltávamos à corrida existia sempre alguma confusão pois os fórmula 1 nunca estavam na sua posição correcta, ou estavam mais à frente diziam uns ou deviam estar mais atrás, diziam outros.

Havia sempre um vencedor mas todos ganharam, pois a vitória era estarmos todos juntos a brincar.

zeca

20 de julho de 2007

C.C. Belém – C. Berardo

Começando pelo fim, que é a actualidade, devemos assinalar que no Centro Cultural de Belém foi inaugurada a maior exposição permanente de arte contemporânea em Portugal. Deriva da Colecção Berardo e cobre todo o século XX.
Aproveitem para a ver pois as actuais obras ficam no CCB, garantidamente, até 17 de Novembro pelo que, após essa data, nada indica que as peças lá expostas não sejam cedidas, temporariamente, em intercâmbios com outras instituições.
Obras de Picasso, Andy Warhol, Cesariny, Bertholo, Francis Bacon, Paula Rego entre outros, distribuídas por cerca de 2 mil metros de exposição, é obra.
O Museu Colecção Berardo, como foi baptizado, espera atrair cerca de 400 mil visitantes por ano com as exposições e actividades paralelas que por lá vão ser criadas pois tem disponíveis cerca de 9 mil metros quadrados à disposição no CCB e pretendem dar continuidade e movimento ao projecto lançado agora. Se não quiserem sair de casa podem passar pelo site http://www.museuberardo.com/ ou http://www.berardomodern.com/
Aproveitem para ver mais uma maravilha de Portugal; refiro-me ao Museu Colecção Berardo que, ao ser estabelecido um protocolo com o estado português, proporcionou-nos , acesso a uma mas maiores colecções de arte contemporânea a nível privado, em todo o mundo e, claro, está em Belém.
zeca

16 de julho de 2007

Cais Fluvial

Belém! Onde o Tejo se vai juntar ao mar.
Se quisermos deixar o postal turístico, que é Belém, para trás, de onde se destaca o actual Museu da Electricidade, o Museu dos Coches, o Palácio de Belém, o Padrão dos Descobrimentos, o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém…A Rua, podemos embarcar no Cais Fluvial de Belém, com partidas para a outra margem (Trafaria) de 30 em 30 minutos e com um bilhete de apenas 77 cêntimos.
Uma viagem de pura descontracção com pequenas gotículas de água a saltarem na nossa direcção, principalmente se forem no exterior do cacilheiro e com momentos únicos de ausência de ruído do transito citadino e com outra fantasia sonora e visual da zona ribeirinha de Belém – magnífica.
Na breve viagem entre Belém e a Trafaria, os velhos cacilheiros transformam-se em miradouros flutuantes pois saem de Belém mas sempre a vê-la noutro enquadramento e noutra perspectiva.Longe vão os tempos em que grupos organizados dA Rua iam a pé até ao Cais Fluvial de Belém (exceptuando as várias vezes em que alguém vinha a correr ou mesmo de eléctrico ou de autocarro, atrasado, para embarcar ao mesmo tempo que nós mas por vezes… apanhavam o cacilheiro seguinte), para irem para as praias da Costa da Caparica, de manhã bem cedo, carregados de sandes várias, cartas e, claro, uma bola para jogarmos futebol.
Queria salientar ainda que junto ao Cais Fluvial de Belém existe um terreiro que era utilizado para a cerimónia religiosa da bênção dos Bacalhoeiros: Os navios embandeirados fundeavam em Belém e seguia-se a missa ao ar livre no terreiro especialmente construído para o efeito, que hoje ainda existe (foto abaixo tirada no início da Segunda Guerra Mundial - navio Lusitânia que se dedicava à pesca do bacalhau).


zeca

13 de julho de 2007

Palácio de Belém

Rezam as crónicas que, outrora, os terrenos onde foi edificado o Palácio de Belém, no século XVI, pertenciam ao Mosteiro dos Jerónimos tendo sido comprados por um nobre – D. Manuel de Portugal. Em 1726, D. João V apaixonado pela beleza do local adquiriu-o para sua residência de verão. Desde então serviu de morada a muitos reis e após a Implantação da República, passou a servir de residência oficial do Presidente de Portugal.
Uma das formas de sabermos se o nosso presidente está no Palácio é verificarmos se a bandeira está hasteada.
Não vou prolongar-me muito mais pois podem aproveitar para visitar o sítio da Presidência da República Portuguesa em: http://www.presidencia.pt/ e http://jorgesampaio.arquivo.presidencia.pt/pt/palacio
Queria apenas salientar que nos 3ºs domingos de cada mês, pelas 11.00h, deveriam assistir ao Render da Guarda, realizado pela guarda de honra do Palácio Nacional de Belém. Depois dessa Rendição Solene abrem-se as portas do Palácio ao público.
Boas visitas.

zeca

11 de julho de 2007

O Fado

Não vou falar sobre musica mas sobre o destino que alguns de nós tínhamos, todos os domingos de manhã.
Domingo de manhã era dia de missa e, como tal, era difícil reunirmo-nos para brincar pois existia esse compromisso e além disso, depois do compromisso… casa para almoçar.
“Os pequenos vagabundos”, com o seu engenho e arte, saíam então de casa, reuniam-se nA Rua e lá iam com o seu destino traçado – rumo à Igreja dos Jerónimos.
Quando chegávamos à Igreja, um de nós ía verificar quem era o padre que iria dizer a missa para assim, poder dizer em casa o nome do padre e mostrar aos pais o tão devoto que era o seu filho.
Depois da verificação efectuada, seguíamos quase sempre para o Jardim do Ultramar, hoje Jardim Tropical, passear e brincar pela parte de Macau, com pontes, riachos, rãs, canas da Índia – bem bonito, admirávamos as grandes árvores, o lago com os patos, os pavões, a estufa em que alguém dizia que estava fechada porque tinha plantas carnívoras enfim, era o imaginário de alguns miúdos.

Sempre de olho no relógio e após passar mais ou menos uma hora (duração da missa), lá íamos rumo a casa, com o nome do padre na ponta da língua e com a recordação do tempo bem passado.
Que ricos meninos! Que fado! Que saudade!

zeca

9 de julho de 2007

Dobradinha!
















Todos nós já sabiamos. Em Belém tudo são maravilhas. O que aconteceu no sábado, no estádio da Luz, foi apenas a confirmação que não estamos sózinhos. A Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos, os únicos monumentos candidatos da cidade de Lisboa, estão entre as 7 maravilhas de Portugal. Acrescento eu: Belém é a Maravilha de Portugal!

tó marques

7 de julho de 2007

Conheces a tua Rua?

Quando, no dia 11 de Julho de 1970, a Câmara Municipal de Lisboa, numa cerimónia singela, descerrou as placas toponímicas que baptizavam as ruas até aí designadas por Rua A e Rua C à Rua D. Lourenço de Almeida, chamando-lhes, respectivamente, Rua Martins Barata e Rua João Bastos, vinha conceder-lhes uma identidade própria, sem dependência daquela onde entroncam e que, até aí, servira de referência.
Agora que a unidade afectiva dos residentes ( sobretudo os das gerações que abriam os olhos para o mundo à data daquele acontecimento) se fortaleceu com o Jantar da Rua e em que o Blogue da Rua procura ser instrumento de manutenção desse clima, pareceu de interesse precisar melhor quem foram as personagens cujos nomes figuram nas placas e as razões que conduziram a tal merecimento.
Às três artérias referidas há que acrescentar a que completa o perímetro, a Rua Vila Correia, sendo Vila Correia, originalmente, um aglomerado de habitações para as famílias dos operários que trabalhavam nas instalações fabris ali existentes, dedicada uma à tintagem de tecidos e outra ( M.Carp ) ao fabrico de produtos têxteis, actividades que cessaram em meados do século passado. Essa área, onde sobreviveram alguns prédios que gradualmente vieram a ser demolidos para dar origem a construções de traça mais recente, está hoje, maioritariamente, ocupada por instalações camarárias (equipamentos de jardinagem e viveiros de plantas) e por dois grandes condomínios onde ainda se podem ver alguns muros das antigas fábricas.

Quanto às personagens que dão nome às restantes ruas, respeitemos a antiguidade, começando por D. Lourenço de Almeida. Filho de D. Francisco de Almeida , nomeado por D. Manuel I como 1.º Vice-rei da Índia, quando Portugal procura estabelecer-se naquele sub-continente para dominar em seu proveito o comércio de especiarias, acompanha, com pouco mais de vinte anos, seu pai (cujo nome foi igualmente atribuído a uma rua próxima) . Nas lutas contra os mercadores muçulmanos e venezianos que, até aí, mantinham com os suseranos hindus tratados de comercialização das especiarias, as quais eram encaminhadas para a Europa pelo norte de África, D. Lourenço de Almeida assume o comando de uma armada com a qual obtém importantes vitórias, mas acaba por morrer em combate. Entretanto, as especiarias passaram a ser transportadas pela rota do Cabo, em navios portugueses que as encaminhavam para os mercados europeus.
Falemos agora dos dois titulares mais recentes, Martins Barata e João Bastos.

Jaime Martins Barata, nascido em 1899 e falecido em 1970, notabilizou-se especialmente como pintor e de tal modo que, logo no ano da sua morte, a Câmara Municipal de Lisboa decidiu dar o seu nome a uma rua, o que não é nada vulgar.
Nascido no Alto Alentejo (Póvoa e Meadas), onde viveu a infância, veio depois para Lisboa, para seguir um curso superior na Faculdade de Ciências, mas acabando por se dedicar à pintura, com frequência dos cursos da Sociedade Nacional de Belas Artes.
Concorre a professor de desenho, tendo ensinado em diversos liceus, fixando-se em Lisboa a partir de 1928.
A par dessa função, aperfeiçoa os seus conhecimentos artísticos pintando aguarelas e outras obras, com a preocupação do rigor do desenho e da veracidade histórica dos temas tratados.
A partir de 1940 executa, por convite, uma sucessão de obras de grande vulto, que o manterão em grande actividade até ao fim da vida. Delas, destacam-se:
- em 1940, trípticos para o Pavilhão de Lisboa na Exposição do Mundo Português
- trípticos da escadaria nobre da Assembleia da República
- painéis para o átrio do Conservatório de Música
- painéis para o átrio do Instituto Português de Oncologia
- a partir de 1957, uma série de pinturas de grandes dimensões para vários Palácios da Justiça.
Paralelamente, tendo participado na elaboração dos selos comemorativos de 1940 que, a partir daí, ganham estatuto de obra de arte, é convidado pela Administração dos C.T.T. para consultor artístico – e, a partir daí, o selo português passa a ser mais procurado pelos coleccionadores, ganhando diversos prémios de filatelia.
Responsável directo pelo selo denominado “caravela” é também o responsável pelo desenho das moedas de 2$50, 5$00 e 10$00, emitidas entre 1963 e 1986 (lembram-se delas?), tendo também a caravela como motivo.
Aliás, este interesse pela caravela leva-o a estudar a arqueologia naval da época dos descobrimentos e a produzir obras de divulgação sobre o assunto.
Não alinhado com as correntes vanguardistas que, na época, se vinham afirmando (Abel Manta, Almada Negreiros,...), recebe pouca aceitação da crítica – mas ele mantém-se, até ao fim da vida, coerente com o estilo que escolhera, de preferência pelo passado e pela sua representação realista.
Faleceu em 1970, quando tinha em curso uma encomenda para o Palácio da Justiça de Lisboa – sendo o seu filho, já anteriormente seu colaborador, quem terminou a obra.

NOTA – A quem interesse maior desenvolvimento sobre este autor, remete-se para jaimemb.no.sapo.pt/index.html.

João Bastos, titular da última artéria em análise, tendo vivido de 1873 a 1957, foi um comediógrafo que escreveu um grande número de comédias, farsas, operetas e revistas, destinadas a ser apresentadas em palco mas que, nalguns casos, deram também origem a filmes. Destes, os mais conhecidos (porque a televisão os passa de quando em vez) são “O Leão da Estrela”, “O Noivo das Caldas” e “O Costa do Castelo”.
São peças de grande comicidade que retratam a Lisboa pequeno-burguesa de meados do século XX.
João Bastos foi também um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Autores (1925), para defesa dos direitos de autores e compositores, tendo presidido ao Conselho Fiscal.

A.M.

5 de julho de 2007

Gentes e Locais

A foto é dos primeiros anos do séc. XX. O autor foi o famoso Joshua Benoliel. Que local é este?

Pois é, não era fácil! A foto é do famoso Hipódromo de Belém, nos terrenos perto do santuário do nosso "Belenenses" e descrito assim nos Maias: "Diante deles, o hipódromo elevava-se suavemente em colina, parecendo, depois da poeirada quente da calçada e das cruas reverberações da cal, mais fresco, mais vasto com a sua relva já um pouco crestada pelo sol de junho, e uma ou outra papoula vermelhejando aqui e além. [...] Para além, dos dois lados da tribuna real forrada de um baetão vermelho de mesa de Repartição, erguiam-se as duas tribunas públicas, com o feitio de traves mal pregadas, como palanques de arraial."

tó marques

3 de julho de 2007

Memórias do nosso tempo (IV)

As originais bombokas eram da Imperial - fábrica de chocolates de Vila do Conde.
Quando este produto acabou, mais tarde, passou a existir um produto idêntico no mercado; a Dan Cake lançou a imitação que, quem conheceu as originais, como eu, recusa-se a prenunciar o nome deste novo produto que no seu todo é idêntico às famosas Bom-Bokas.
Após algum trabalho de pesquisa, descobri que as famosas e inesquecíveis Bom-Bokas nasceram em 1978. Quem não se lembra da sua imagem, textura e sabores e da maravilhosa publicidade que passava na televisão?
Lembram-se daquele anúncio com o Pai Natal... em que chega tarde a uma loja, já com a porta fechada e diz o lojista:“Bombokas ?, só há estas e são para mim!"

Parece que ainda as sinto na boca, a desfazerem-se.
zeca