31 de março de 2007

"A Rua" no Rallye de Portugal - 1989

Num belo dia de 1989, 4 jovens (eu, o Aranha, o Lico e o Pedro) pensaram em acompanhar in Loco o Rallye de Portugal e, para isso, tentaram obter alguns patrocínios de empresas aligeirando assim os custos da aventura.
O objectivo foi conseguido e alguns patrocinadores foram publicitados, em material autocolante, no Citroen AX GT do Lico. Parecia um carro de Rallye. Ao longe!
Inicia-se o dito e lá fomos nós equipados a rigor com roupas para o frio e para a chuva, água, bolachas, mapas e revistas com as horas e os trajectos dos carros do Rallye assim como com livres trânsito para melhor podermos circular.
Foi emocionante estar em vários troços e ver passar aquelas máquinas infernais a velocidades inatingíveis pelo comum mortal. Lembro-me, numa madrugada, de fantásticos arranques em terra húmida que as máquinas lavravam até desaparecerem numa curva ou de impressionantes arranques em alcatrão a subir a Serra do Caramulo onde após o arranque desapareciam tão rapidamente que parecia impossível. Só visto.
Troços como Figueiró dos Vinhos, Pampilhosa da Serra, Folques-Colmeal, Fafe-Lameirinha entre tantos outros são tão espectaculares que levaram o nosso Rallye a ser o Melhor do Mundo.
Chegamos ao Minho e aí compramos dois puzzles típicos de Barcelos, segundo uma visão futurista, pois na realidade eram apenas galos de barro. No entanto, quando chegaram À Rua estavam em cacos derivado às curvas do nosso experiente piloto (os galos não tinham cinto de segurança ).
Como tinhamos livres trânsito, podiamos circular em locais e em troços onde outros não podiam ou tinham de esperar que a policia autorizasse a sua passagem. Numa dessas ligações, estavamos nós entre os concorrentes com o nosso carro cheio de autocolantes e os nativos quando nos viam, batiam palmas, tiravam fotografias e ficavam todos contentes por verem mais um carro de rallye (?). É claro que nós estavamos divertidos com a situação, tão divertidos que foi decidido oferecer “autocolantes” aos nativos. Ora bem, as ditas oferendas não eram mais nem menos do que pedaços de papel dobrados com os seguintes dizeres:
Filho da meretriz, Bode grande, homossexual... (quiz evitar agora referências perjorativas).
Quando eram lançados, com a nossa cabecinha de fora do carro a gritar “Autocolantes!” viamos os nativos a correr, como que se a sua vida disso dependesse, para os apanhar e depois para os abrir ...
Calculam os nomes que nos chamavam ?
Nunca os conseguimos ouvir, apenas ver o que deixavamos para trás!
zeca

3 comentários:

dzp disse...

Eu não estive no Rallye este ano. Alguém esteve ?
zeca

Luis Cunha disse...

Caro Zeca,

Ainda bem que lembraste estas aventuras. Dentro de pouco tempo vou completar a tua "historia".
Agora dizeres que transformaste os galos em puzzle por causa do piloto...!!!
Lico

dzp disse...

O piloto é um bom piloto mas também é verdade que os galos, coitados, não tinham aonde se agarrar pois estavam fechados no porta-luvas. Como as curvas eram muitas e apertadas, torneadas rapidamente e durante muitos kms, os ditos tanto batiam com a cabeça como com as patas e ... transformaram-se num puzzle
Temos de fazer uma ode aos galos.
zeca