Desafio/Sugestão

Os meus sinceros e duplos parabéns, quer pela iniciativa louvável, quer pelos conteúdos já publicados.
(...) Sendo a vertente saudosista inerente a este projecto (e estou certo que nos permitirá tirar da arquinha tesouros memoráveis e nada deprimentes), parece-me igualmente importante procurarmos conhecermo-nos como somos hoje, pois só assim poderemos identificar interesses comuns que fomentem um maior contacto, talvez mais restrito, mas também mais frequente.
Nesse sentido, proponho lançarmos um desafio geral para que todos se pronunciem sobre quais são os seus hobbies/vícios/paixões/colecções ou simplesmente temas de preferência, para que se possam identificar cumplicidades.
Para além do futebol, dos carros/motas e das "gajas", temas sempre tão caros ao universo masculino, outros haverá igualmente interessantes e eventualmente mais abrangentes. Dando o exemplo, pessoalmente interesso-me pelos seguintes temas:
-viagens: tenho centenas de revistas. Podemos trocar experiências, dicas e até organizar passeios de barco, de jeep, fins de semana ou mesmo viagens de maior duração para o pessoal da rua (quantos farão ski, ou praia no Brasil?). Era uma excelente maneira de também os nossos filhos se conhecerem;
- restaurantes: trocar sugestões e opiniões e, claro, frequentá-los em conjunto: depois do primeiro jantar, não se pode parar;
- vinhos: mais vale beber um copo com os amigos do que uma garrafa sozinho. Podíamos organizar/frequentar provas e cursos, fazer compras conjuntas em clubes de vinho, trocar garrafas, opiniões, etc. Tenho uma colecção bastante razoável à disposição dos apreciadores;
- gastronomia/culinária: participar em eventos, recomendar produtos e receitas, cozinhar para os amigos e fazer uma almoçarada/pic-nic/jantarada, etc.

E podia continuar com música, design, arquitectura, etc., mas acho que já perceberam a idéia. Se acham que não desvirtua o projecto, fica feita a sugestão.

Jorge (jorginho)

O que é o K? Secção Feminina

Secção Feminina (Jardim das Meninas) – Polidesportivo onde decorriam as actividades de ginástica, jogo da macaca ou do avião, jogo do mata – quem fica no cortiço?, badmington, voleibol, escondidas, apanhada, Woman Wrestling, artes dramáticas e outras mais radicais como slide e paintball.
Passo a explicar.
Ginástica
Movimentos no solo, mortais, flic-flac´s, rodas, etc…
Barras assimétricas – é parecido com as paralelas assimétricas, mas possuía três barras desniveladas unidas por um prumo comum a duas delas. Eram carinhosamente conhecidas como “os ferros”.
Trave – também parecida com trave olímpica – conjunto de exercícios realizados nas costas dos bancos, os verdes pois então.
Saltos de trampolim – utilizando já não as costas mas o assento dos bancos. Pelo aspecto recente de um deles – o segundo a contar da esquerda - ainda devem existir algumas atletas a praticar esta modalidade.
Woman Wrestling – não era muito frequentada esta modalidade mas esporadicamente lá apareciam algumas competidoras, para gáudio da populaça, geralmente masculina.
Actividades dramáticas – foram vários os temas versados, tragédia, comédia, intriga, ciúme, etc… Ele era cada cena, ou como diria o famoso DJ da actualidade – Ugly Kid Toni – cena marada meu, cena marada…
Slide – Actividade lançada pelo Pedro Miguel – membro fundador e honorário da Secção de Actividades Radicais - corda lançada entre a árvore do meio do muro e a junto ao prédio do gaveto da Lourenço de Almeida com a João Bastos, mecanismo feito com o volante de um triciclo de alguém, que provavelmente ficou a explicar aos pais o sucedido. A descida efectuava-se em direcção à janela da Gina, vá se lá perceber porquê.
PaintBall – Armas: zarabatanas feitas com tubo de PVC, às vezes comprado na drogaria, enfeitado com fita isoladora colorida e molas da roupa emprestadas pelas mães. Munições: bagas dos arbustos – “os picos” – e umas peças, generosamente cedidas pela Ana Semide – se calhar nem sabias disto Ana, de um jogo de pinos para desenhar. Os pais da Gina perdoaram-me um “vidrito” partido que eu me lembre, mas também quem ia adivinhar que a janela estava fechada, né?
Nas instalações desta secção também se realizavam as noites de comemoração dos Santos Populares, remeber? Rapazes levam “os bebes” e as raparigas “os comes”, organização muito conservadora, mas que muito bons resultados deu e proporcionou a organização de eventos muito engraçados – “ as Festas”. Autênticas discotecas artesanais não eram? Este também me parece um bom ponto a desenvolver um dia.
Nesta secção localizava-se ainda o muro das lamentações, confessionário, ponto de encontro, etc… muito importante pois na altura não havia telemóveis para combinar os encontros, certo?
Algumas atletas, cujo horário das actividades era de tal forma exigente, tomavam as refeições directamente dos alojamentos. Cestinho descido por corda directamente p´as mãos das referidas meninas ou entregue directamente em mão, isto é que era verdadeiro espírito de sacrifício, mais que não seja das mães das atletas.
“ Ó B… eu vou lanchar! Quésji?”

Milhano

O Cinema Restelo

A aproximação da cerimónia da entrega dos óscars recorda-me as primeiras idas ao cinema. No cinema Restelo, é claro. De repente, surgem-me nomes de filmes como o “Ás do Pedal”, “1900” de Bertolucci, “A Aventura do Poseidon”, “A Torre do Inferno” e os clássicos “O Último Tango em Paris”, ou a saga “Emanuelle”. E sempre, sempre, o meu clássico, "Ben-Hur". E tantos outros. Todos no desaparecido Restelo. De boa memória!

fotos:AF/CML
Tó-Zé

O que é o K?

Aqui vai o meu relato sobre o K - do qual fui apenas atleta nunca pertenci aos corpos dirigentes – ficando a aguardar eventuais correcções dos que têm registos mais rigorosos de tão ilustre clube.
O K304 é uma associação desportiva amadora que acolheu um vasto número de modalidades e atletas de grande versatilidade. Embora de modestos recursos financeiros o seu património edificado era vastíssimo e incorporava, na década de 80, alguns conceitos que viriam a ser desenvolvidos por outros clubes. Vejamos:
Foi dos primeiros clubes, quiçá o primeiro, a possuir uma aldeia olímpica – A Rua - concentração de infra-estruturas desportivas e de alojamentos dos atletas, bem como facilidades de restauração, lavandaria, cabeleireiro - consta que até havia massagistas embora eu não possua confirmação factual.
Durante a sua actividade foi alienando algum património, à semelhança do que alguns Clubes fazem hoje, para poder recrutar alguns atletas mais caros – os cromos.
De seguida vou caracterizar algumas das secções mais importantes do Clube, solicita-se aos demais atletas e dirigentes a sua contribuição e feroz crítica – afinal o blog não é pessoal e decerto existem mais memórias para além das minhas e das do administrador do mesmo, lembram-se que ele foi um dos treinadores da equipa de futebol?
Sede Social, Direcção e Serviço Administrativo (A Esquina) –Local de reuniões da Administração da SAD, Direcção, Assembleias Gerais e outras. Local muito frequentado também pelos pais e críticos à actuação dos atletas, dispunha como hoje – em regime de concessão - de Bar de apoio à actividade da Direcção e dos atletas. Relembro a simpatia do Sr. António que nos brindava sempre com um afável “ E este!” quando irrompíamos por ali adentro a pedir – certamente com a maior educação – um estica, uma bomboka, uma pirata, um pacote de bolacha torrada, etc…
Era aqui que se tomavam as grandes decisões do Clube, quando e contra quem vamos jogar? Qual o património a alienar? Onde vamos arranjar madeira para a fogueira dos Santos?
Também esteve aqui alojado o Gabinete de Imprensa – epá eu conto-te isto mas tu não dizes nada a ninguém, tá bem? Eu seja ceguinho, em mim podes confiar – ainda não havia net e tínhamos que improvisar para espalhar as novas…
Numa altura mais complicada alojou o piquete nocturno da segurança ao parque de estacionamento e a escolta aos amigos(as) que desciam à noite na paragem do “enléctico”. Quem é que ia a “Buem de enléctico comer wulas”?
Nos próximos posts vou tentar caracterizar :
Secção Feminina ( Jardim das Meninas )
Secção Masculina ( Jardim dos Rapazes )
Secção de Mini-golfe e ciclocross (Jardim do Crocodilo)
Buraco – actividades radicais ao ar livre
Barracão – idem mas (indoor)
Martins Barata – actividades de estrada
João Bastos – actividades de estrada e desportos com bola
Vila Correia – Kartódromo ( Karts sem motor)
Vivenda – Actividades radicais em ambiente urbano
Malaca – estádio do K
Planetário – Tiro com arco, BTT, tuna, sala de fumo, etc…
Muro – bancadas, aconselhamento psicológico, gabinete de aconselhamento jurídico e sentimental.

Alguém me ajuda a caracterizar estes espaços? Pelo menos uns comentariozitos p´animar o blog.

Milhano

Peixe Fresco

Pois é. Alguns não o chegaram a conhecer. Era lá que as mães compravam muito do que se comia em casa. Hipermercados? Não, isso era ficção. Falo do Mercado. O velho Mercado de Belém,

entre os terrenos do Museu e a Rua Lourenço de Almeida. Lembram-se?

(1944)

(1969)

fotos: AF/CML

Tó-Zé

Vamos Jantar?

Primeiro discutiu-se o alargamento do jantar do K, depois como se iriam contactar alguns elementos mais distantes, depois se se podia alargar às meninas, etc…
A fase mais entusiasmante, pelo menos para quem esteve na reunião dos contactos, foi a surpresa com que fomos vendo a lista a crescer. Primeiro referenciaram-se os mais óbvios e depois surgiram as surpresas:
- Já alguém contactou o F?
- Quem?
- O primo do C? Não te lembras? Tinha uma bicicleta azul - ou tinha uma bola branca, ou etc… - Vou ver se consigo contactá-lo.
Foi contagiante registar a forma como todos nos envolvemos para chamar os que estavam mais esquecidos nas nossas memórias. Há ainda muito para fazer, faltam contactos de cerca de trinta, mais o que na altura não foram referenciados – sim ainda foram alguns os esquecidos, incrível não é?
Mas, apesar de não ter sido possível chegar a todos foi bonita a festa pá...
Lá nos fomos chegando, à hora combinada para, entre surpresas e abraços, nos reecontrarmos com uma parte importante das nossas memórias.
Quem é aquele? Que gira que está a A..! O L.. está na mesma.
A organização atarefava-se entre a vontade de abraçar os amigos e o de não deixar transparecer a preocupação de que algo falhasse no jantar, alcunhado pelo pessoal do restaurante como “O Jantar dos Sem-Abrigo”. Rua / Sem Abrigo, perceberam?
À medida que íamos chegando lá nos fomos arrumando, inicialmente nos grupos mais tradicionais e expectáveis, geracionais, amizades, interesses comuns… Com o decorrer do tempo foi divertido ver que, embora as matrizes iniciais existam, conseguimos ultrapassa-las e fundimo-nos numa matriz mais homogénea que é a Malta da Rua. Foi giro, muito giro.
Com o início do jantar – havia comida? Quase não dei por isso, tal era a fome de conversa – lá nos fomos juntando nas mesas para continuação da converseta.
Inicialmente mais tímidas as conversas rapidamente se foram descontraindo e era visível o contentamento geral.
Apesar de faltarem alguns, esta quase parece a Mesa da Assembleia Geral da SAD do K304.
O que é isso? Fica para outro dia.
E aqui ao lado um grupo de influência fortíssimo nos “eigthies”, sob o olhar atento do Boris, que parece pensar “ O que é que fui fazer para Macau?”.
As belezas nacionais batem as alemãs, certo? Cuidado com a resposta.
Temos que repetir – com outra equipa a organizar. Eu registei algumas ofertas de que não me vou esquecer.

Jinhos p´as meninas e caneladas p´os rapazes,
Milhano

Nascido de um jantar, o Blog da Rua vê hoje a luz do dia.
Este espaço será o que a Malta da Rua quiser.
Mãos à obra, malta!