Quando, no dia 11 de Julho de 1970, a Câmara Municipal de Lisboa, numa cerimónia singela, descerrou as placas toponímicas que baptizavam as ruas até aí designadas por Rua A e Rua C à Rua D. Lourenço de Almeida, chamando-lhes, respectivamente, Rua Martins Barata e Rua João Bastos, vinha conceder-lhes uma identidade própria, sem dependência daquela onde entroncam e que, até aí, servira de referência.

Às três artérias referidas há que acrescentar a que completa o perímetro, a Rua Vila Correia, sendo Vila Correia, originalmente, um aglomerado de habitações para as famílias dos operários que trabalhavam nas instalações fabris ali existentes, dedicada uma à tintagem de tecidos e outra ( M.Carp ) ao fabrico de produtos têxteis, actividades que cessaram em meados do século passado. Essa área, onde sobreviveram alguns prédios que gradualmente vieram a ser demolidos para dar origem a construções de traça mais recente, está hoje, maioritariamente, ocupada por instalações camarárias (equipamentos de jardinagem e viveiros de plantas) e por dois grandes condomínios onde ainda se podem ver alguns muros das antigas fábricas.
Quanto às personagens que dão nome às restantes ruas, respeitemos

Falemos agora dos dois titulares mais recentes, Martins Barata e João Bastos.
Nascido no Alto Alentejo (Póvoa e Meadas), onde viveu a infância, veio depois para Lisboa, para seguir um curso superior na Faculdade de Ciências, mas acabando por se dedicar à pintura, com frequência dos cursos da Sociedade Nacional de Belas Artes.
Concorre a professor de desenho, tendo ensinado em diversos liceus, fixando-se em Lisboa a partir de 1928.
A par dessa função, aperfeiçoa os seus conhecimentos artísticos pintando aguarelas e outras obras, com a preocupação do rigor do desenho e da veracidade histórica dos temas tratados.
A partir de 1940 executa, por convite, uma sucessão de obras de grande vulto, que o manterão em grande actividade até ao fim da vida. Delas, destacam-se:
- em 1940, trípticos para o Pavilhão de Lisboa na Exposição do Mundo Português
- trípticos da escadaria nobre da Assembleia da República
- painéis para o átrio do Conservatório de Música
- painéis para o átrio do Instituto Português de Oncologia
- a partir de 1957, uma série de pinturas de grandes dimensões para vários Palácios da Justiça.
- trípticos da escadaria nobre da Assembleia da República
- painéis para o átrio do Conservatório de Música
- painéis para o átrio do Instituto Português de Oncologia
- a partir de 1957, uma série de pinturas de grandes dimensões para vários Palácios da Justiça.
Paralelamente, tendo participado na elaboração dos selos comemorativos de 1940 que, a partir daí, ganham estatuto de obra de arte, é convidado pela Administração dos C.T.T. para consultor artístico – e, a partir daí, o selo português passa a ser mais procurado pelos coleccionadores, ganhando diversos prémios de filatelia.
Responsável directo pelo selo denominado “caravela” é também o responsável pelo desenho das moedas de 2$50, 5$00 e 10$00, emitidas entre 1963 e 1986
(lembram-se delas?), tendo também a caravela como motivo.
Aliás, este interesse pela caravela leva-o a estudar a arqueologia naval da época dos descobrimentos e a produzir obras de divulgação sobre o assunto.
Não alinhado com as correntes vanguardistas que, na época, se vinham afirmando (Abel Manta, Almada Negreiros,...), recebe pouca aceitação da crítica – mas ele mantém-se, até ao fim da vida, coerente com o estilo que escolhera, de preferência pelo passado e pela sua representação realista.
Faleceu em 1970, quando tinha em curso uma encomenda para o Palácio da Justiça de Lisboa – sendo o seu filho, já anteriormente seu colaborador, quem terminou a obra.
Responsável directo pelo selo denominado “caravela” é também o responsável pelo desenho das moedas de 2$50, 5$00 e 10$00, emitidas entre 1963 e 1986
Aliás, este interesse pela caravela leva-o a estudar a arqueologia naval da época dos descobrimentos e a produzir obras de divulgação sobre o assunto.
Não alinhado com as correntes vanguardistas que, na época, se vinham afirmando (Abel Manta, Almada Negreiros,...), recebe pouca aceitação da crítica – mas ele mantém-se, até ao fim da vida, coerente com o estilo que escolhera, de preferência pelo passado e pela sua representação realista.
Faleceu em 1970, quando tinha em curso uma encomenda para o Palácio da Justiça de Lisboa – sendo o seu filho, já anteriormente seu colaborador, quem terminou a obra.
NOTA – A quem interesse maior desenvolvimento sobre este autor, remete-se para jaimemb.no.sapo.pt/index.html.
João Bastos, titular da última artéria em análise, tendo vivido de
São peças de grande comicidade que retratam a Lisboa pequeno-burguesa de meados do século XX.
João Bastos foi também um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Autores (1925), para defesa dos direitos de autores e compositores, tendo presidido ao Conselho Fiscal.
A.M.
3 comentários:
Este penso ser o 1º de, espero, muitos post´s de representantes das gerações anteriores à que deu o pontapé de saída do reencontro da Malta da Rua. No caso o post é da autoria do meu pai e penso que seria engraçado conhecer a opinião daqueles que nos "carregaram" para a RUA.
Obrigado pai pela tua contribuição.
"Desencaminhem" os vossos, pois certamente também têem estórias para contar.
Parabéns pelo post. A porta do Blog da Rua está sempre aberta! Ficamos à espera de novos textos.
Eu cresci na Rua Martins Barata. Bons tempos com o Zeca Diabo, Pepe, Paulinho, Miguel do 4 andar, Miguel do 6 andar, Americo, Manel, Caloi, Giga, Ginja, etc...
Um abraco
Mario
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