20 de março de 2007

Uma Missão Arriscada

Além do seu estádio principal - a Malaca -, o K-304 tinha vários campos de treinos. O mais utilizado, até porque estava mesmo à porta, era a praceta frente aos números 5 e 6. Um relvado tratado por uma fiel equipe de jardineiros que, de tempos a tempos, por lá passavam algumas horas: no corte da relva, na rega, nos arranjos florais. Um mimo que todos nós tratávamos de degradar, dada a intensidade dos treinos.
O espaço era bonito e apetecível: alguns bancos de madeira para instalação das claques e mirones, também das meninas, claro está; árvores que uma mente visionária plantou já na perspectiva de utilização como futuras balizas e mesmo uma “instalação” em ferro, que poucos utilizaram como diversão, mas que dava mesmo jeito para testar os reflexos dos guarda-redes.
Parecia tudo perfeito. Mas não era verdade!
No centro do “campo” existia um arbusto, conhecido pelos “picos”. Era terrível. Os tais picos furavam as bolas que lá batessem e, em caso de jogadas mais enérgicas, todos nós sentíamos na pele a dureza dos ramos. Uma chatice!
Mas, para grandes males, grandes remédios e só havia uma solução: cortar o mal pela raiz. Assim se pensou, assim se executou.
Numa noite de Março de 1975, em pleno PREC, eu, o Zé Paulo, o Finuras e o Rolão partimos para a missão: vigias nas esquinas e serrote apropriado. Alguns minutos depois os “picos” tinham passado à história. Um sucesso devidamente comemorado noite dentro.
No dia seguinte, à hora do almoço, no regresso do D. João, o cenário não podia ser pior: polícia municipal, jardineiros, encarregados da Câmara, enfim, uma catástrofe.
Alguém tinha assistido a tudo. Quem? A “sopeira” do A…. que “bufou” tudo ao amante, nem mais nem menos que o terrível “cenoura”, encarregado dos jardineiros. O caldo estava entornado!
O resultado foi o pagamento da “coima”, cujo comprovativo sobreviveu até hoje!
Valeu a pena!
tó-zé

6 comentários:

dzp disse...

Valeu sim senhor !
Após esse acto heroíco, conseguimos fazer grandes futeboladas. Que saudades...
zeca

Milhano disse...

Curioso como passados tantos anos se faz luz sobre alguns mistérios.
E o comprovativo só por si um hino à burocracia, que ainda hoje subsiste passados que estão mais de 30 anitos. Pela minha parte obrigado pelo desimpedimento do "campo".

jorge santos disse...

Não fazia idéia que tinham sido multados, mas por uma tão boa causa, podiam ter feito uma colecta, que decerto todos ajudávamos a pagar. Afinal, o crime compensou...grandes jogatanas que ali fizemos!
Quanto às saudades, Zéca, porque não reeditar uns joguitos? Já trouxe o Eduardo para jogar, o Artur também quer recomeçar, que tal responderem todos os que estiverem interessados, para ver se ainda há malta que chegue? Campos de futebol de 5 e de 7 é o que não falta...
Jorge

Anónimo disse...

Já agora junto à lista de proezas dos rapazes, que as raparigas eram mais certinhas..., um trabalho comunitário inesquecível: o sinal de proibido que foi colocado por 2 vezes (pela Camâra), e por 2 vezes foi retirado (por desconhecidos...). Tudo se passou na entrada da Rua João Bastos, no sentido da Lourenço de Almeida para a Vila Correia. Pretendia-se impedir os dois sentidos naquela via que, à época, tinha um movimento alucinante. Era tão intenso que nos obrigava a interromper as nossas jogatanas na estrada. Umas 3 vezes durante uma tarde inteira?
Lembro-me ainda de ver, em romaria, o referido sinal, exposto em memorial privado, na colecção particular de alguém. Era grande e robusto. Talvez por isso tenha "caído"...
Xana

Anónimo disse...

Grandes jogas a que aquele jardim foi sujeito. A baliza Sul,do lado do Adelino dava para lhe partir um vidro pequeno que havia por ali, a baliza norte, dava para partir o vidro do porteiro do predio do Artur. Numa semana consegui partir dois vidros, o do porteiro e porque nao queriamos partir mais nenhum por ali fomos para a João Bastos. Foi em cheio consegui partir o do Ramiro. Sabem quem colocou os vidros? O meu Pai e o meu irmão, espectaculo!

Anónimo disse...

Eu lembro-me que uma vez estava em casa de castigo (já não me lembro porquê, mas foi de certeza injusto...) e a minha mãe mandou-me ao "Adriano" comprar umas coisas. No regresso, fiz um chuto que partiu esse vidro pequeno do Adelino (que tinha uma rede) e fui logo para casa. Passado um bocado, telefonaram para minha casa a dizer que eu tinha partido um vidro e que tinha que o pagar e a minha mãe defendeu-me, dizendo que não podia ter sido eu porque tinha passado a tarde toda em casa de castigo! Claro que depois lhe contei a verdade e lá fiquei outra vez de castigo...
Jorge